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terça-feira, 12 de julho de 2011

Durão Barroso Presidente da Comissão Europeia em Entrevista ao Canal de Televisão RTP 1 Conduzida por Fátima Campos Ferreira

11 de Julho de 2011 - Queda acentuada nas Bolsas Europeias e mais grave ainda no PSI 20 em Portugal, devido ao receio de colapso da terceira economia da Europa que é a Itália
Receia-se que a Dívida Pública da Itália esteja à beira do colapso. Sendo a Itália a terceira potência económica da Zona Euro, o seu colapso seria desatroso para a economia europeia, já que o impacto seria muito maior do que em relação à Grécia, Irlanda e Portugal.
Se a UE e o BCE ainda vão resolvendo o problema da Grécia, Irlanda e Portugal, a mesma ajuda poderá ser impossível no caso da Itália. O colapso da Itália poderia percepitar o afundamento da UE.

Entrevista a Durão Barroso no dia em que as Bolsas afundam!

Durão Barroso, Presidente da Comissão Europeia, foi esta noite o entrevistado no Canal de TV RTP 1 por Fátima Campos Ferreira.

Resumimos o essencial do que retivemos da entrevista conduzida por Fátima Campos Ferreira ao Presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, na noite de hoje ao Canal de TV da RTP 1.

Fátima Campos Ferreira (FCF): Já tem uma resposta para a crise europeia?


Durão Barroso (DB): A União Europeia (EU) está a preparar uma resposta e vai ser preciso uma melhor análise da situação.


FCF: Hoje há a certeza de que há um risco de contágio nos Países da EU.


DB: Não é uma surpresa total. Há problemas específicos nos países da Zona Euro. É preciso dar uma resposta conjunta.
Hoje os ministros da Zona Euro assinaram um instrumento de 500 mil milhões de euros para ajudar a Europa.
Estes problemas são sem precedentes e exigem a concertação da zona euro. Há dificuldades por vezes na articulação de posições em alguns casos são diferenciadas.


FCF: São precisos outros instrumentos políticos disse Ângela Merkel.


DB: Nós estamos a exigir com bastante clareza a todos os estados membros, incluindo à Alemanha, de modo a que todos se ponham de acordo com a resolução. A UE são 27 estados membros.
É preciso consultar os parlamentos. Há países com bom crescimento.Por exemplo a Alemanha e a Polónia.
Um País como a Islândia que não está na zona euro quase faliu. Na zona euro é mais complexo.
Portugal sem a Zona Euro estava hoje muito pior.
A Europa está a responder, mas devia ser uma resposta mais rápida.


FCF: O que se pode fazer em relação à notação financeira na Europa?


DB: Para já vamos regular as agencias de notação. Já o tentámos mas na altura foi rejeitado.


Seria um erro pensar que todos os problemas estão nas agências de rating. Gostei de ver a indignação mas agora deve haver a capacidade para implementar as reformas.
Há muitos países que vivem acima das suas possibilidades e devem corrigir isso.
A dívida americana é relativamente maior do que a nossa dívida. Atinge alguns países mais é uma dívida soberana.


FCF: Reparo que disse que os portugueses devem reagir.


DB: Acredito em Portugal. Há condições, há uma maioria para Governar. O Presidente da República apoia as soluções e o País tem hoje condições para resolver os seus problemas, nomeadamente, desequilíbrio orçamental externo, desequilíbrio da dívida.
Portugal não pode desmotivar com aquelas classificações e é possível Portugal sair da situação difícil em que se encontra
Portugal está a cumprir com as medidas da troika. Portugal está a ir mais longe o que é um bom sinal.

FCF: A Moddy’s disse que Portugal não consegue resolver o seu problema.


DB: A UE está aqui para apoiar mas Portugal não pode desmoralizar e encontrar desculpas.


FCF: Temos o memorando da Troika e juros muito elevados. Onde e como é que a Europa está interessada em apoiar o crescimento económico e a sustentabilidade de países pequenos?


DB: Portugal tem recebido 25 mil milhões de euros ano e eu estou a propor que se aumente este apoio. Em Portugal é de prever pelo menos 2 anos de crescimento negativo
Os dois problemas de Portugal são o deficit no desequilíbrio externo e a dívida excessiva são. Isto trava o crescimento e sem crescimento não há emprego.


FCF: Onde devem os portugueses concentrar a atenção para promover o crescimento económico?


DB: Portugal é melhor e mais forte nos momentos de pressão do que numa situação de circunstâncias normais. Diz a história que nos momentos excepcionais somos melhores do que nos momentos normais. É essencial a competitividade.
Portugal tem que encarar e resolver problemas estruturais.


FCF: Que palavra de esperança a presidência europeia nos pode dar?


DB: Portugal tem que cumprir com as reformas. Se Portugal fosse por outro caminho era pior. Não havia financiamento para a banca nem para e a economia. Se Portugal não estivesse na UE não havia o financiamento que e está a haver.
Mais que ver e analisar o passado, há que ver o presente.
Nós apoiamos os países.
Temos que nos concentrar no presente e no futuro de Portugal.
Agora o importante é haver um consenso político. É importante que todos, governo e oposição se unam no objectivo nacional. Portugal não pode falhar. Antes o governo não tinha a maioria e era mais difícil. Hoje com maioria, tornou-se mais fácil.
Não se pode arrastar a situação e de endividamento e deficit. Há q resolver os problemas.
O consenso político é um activo de Portugal. A maioria na Assembleia é um trunfo.


FCF: Como será a performance da banca nos teste de stress?


DB: temos que esperar para saber que agencia independente nos vai dizer sobre os referidos testes de stress da banca.
Temos confiança que o governo vai cumprir acordo com a Troika.


FCF: Quais as medidas do programa do Governo que vão promover o crescimento?


DB: Nos próximos anos não vai haver crescimento. Portugal tem problema de deficit estrutural que tem que reduzir. Tem que reduzir a despesa e aumentar a receita. Sem isto não há crescimento.
Vão ser precisos dois anos para que haja crescimento da economia portuguesa.


FCF: Da parte da Europa poderá haver a tentação de nos deixarem de apoiar?


DB: Todas as decisões da EU vão no sentido de apoiar os países em dificuldades.
Sair do euro é um cenário que não se deve contemplar.
Estar a construir cenários catastróficos permanentes pode ser bom para os jornalistas…


FCF: Há o risco de morrer na praia? Se não houver os instrumentos políticos de ajuda a Portugal e outros países em dificuldade, podemos morrer na praia?


DB: Da parte da Comissão Europeia faremos tudo para o evitar.
No caso português temos que fazer a parte que nos compete.
Portugal deve fazer o que lhe compete sem cenários catastrofistas.


DB: A UE não deu estímulo aos países em dificuldade para aumentar o deficit.


O caso BPN é um caso à parte. Não concordo com a nacionalização do BPN e o assunto podia ter sido tratado de outra maneira. Mas isso é uma questão secundária.
Depois da crise do Lehman Brothers evitámos a ruptura do sistema financeiro. Tal como temos evitado que países tenham entrado em incumprimento. Se não fosse a EU o Estado português paralisava e não tinha dinheiro para pagar aos funcionários.
Os Países hoje na zona euro estão muito mais confortáveis


FCF: Mário Soares tem falado na Germanização da Europa.


DB: Os problema que temos hoje na Europa, mais o endividamento excessivo, não foram provocados pela Alemanha.
Gostava que houvesse maior cooperação na zona Euro. Não deve haver crise na zona euro.
Portugal tem q resolver seus problemas. Alemanha pode ajudar mais os fracos. Ângela Merkel disse que fará tudo para ajudar a estabilidade financeira da zona euro..
Os Governos são condicionados pelos seus parlamentos.
Nós na UE e o BCE também, temos feito todos os esforços no sentido de dar uma resposta em conjunto.
Ângela Merkel está disposta a fazer tudo para assegurar a estabilidade financeira da zona euro. Os outros invejam o modelo europeu.
A Europa tem que ser mais competitiva e reduzir deficits e endividamento crónico.
Estou determinado a contribuir para a solução. Somos uma união de 17 estados membros na zona euro


FCF: Há uma luta de bastidores entre o dólar e o euro?


DB: Sob o ponto de vista da Europa não.
Os Estados Unidos também têm um problema muito grande com a dívida.
Há sectores nos Estados Unidos que sempre se manifestaram contra o Euro. Não penso que seja esta a posição da administração Obama.


FCF: A Europa tem perdido a favor da Ásia e Brasil?!


DB: A Europa é o principal exportador do mundo. À frente da China e dos Estados Unidos. Por isso a Europa não tem interesse em proteccionismo.
Os chineses também devem aceitar alguns requisitos que nós aceitamos.
O produto per capita da China é muito inferior ao português. A China é uma economia emergente e está em segundo atrás dos Estados Unidos.
No global ganha a Europa. O Crescimento da China não é incompatível com o crescimento da Europa.
A nossa proposta para 2014 - 2020: A Europa precisa de investimento para o crescimento. O investimento é essencial. Não se pode ver só o aspecto da redução da dívida e da despesa.


FCF: a sua experiência em Portugal poderia ser útil a Portugal? Candidatar-se à Presidência da República?


DB: Neste momento estou concentrado aqui. A servir a Europa, estou a servir Portugal. Não sei o que vai acontecer daqui a 3 ou 4 anos.
Filipa Bragança

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