Bem vindos

Missão

Tentar destacar os melhores (ou os piores), nas diferentes temáticas, criando um espaço de livre debate.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Jorge Sampaio em Entrevista ao Canal de Televisão RTP 1 Conduzida por Fátima Campos Ferreira

25 de Abril de 2011
Programa da RTP 1 – Portugal e o Futuro - Entrevista Conduzida por Fátima Campos Ferreira
Jorge Sampaio foi esta noite o entrevistado no Canal de TV RTP 1 por Fátima Campos Ferreira.
Resumimos o essencial do que retivemos da entrevista conduzida por Fátima Campos Ferreira ao ex Presidente da República Jorge Sampaio na noite de hoje, ao Canal de TV da RTP 1.

Fátima Campos Ferreira (FCF): Com que espírito os portugueses devem ir votar?
Jorge Sampaio (JS): Em primeiro lugar olho para o futuro. Daqui até ao dia 5 de Junho Partidos Políticos devem falar com moderação aos Portugueses. Falar com moderação e de uma forma esclarecedora, para que não se esconda nada aos Portugueses. Falar com moderação, sem crispação com clareza máxima. Sinceridade absoluta e ausência de crispação.
FCF: Existe alguma novidade nos dois Partidos Lideres, o de Sócrates e o de Passos Coelho?
JS: Não quero comentar. Só tenho a dizer que ambos os políticos foram escolhidos pelos seus pares.
JS: Existe uma necessidade de os Portugueses exercerem uma cidadania mais activa e mais viva, com uma maior vontade de envolvimento e de conhecimento e uma maior participação. Há que ter riqueza de espírito e de participação.
JS: Deve existir uma cultura em que exista o hábito de revelar as informações e os detalhes sobre a actual situação e não se deve esconder nada.
(THE BESTS: As pessoas têm o direito a estar bem informadas.)
JS: Não podemos ter líderes políticos que não entendam o estado de espírito  dos portugueses.
JS: Há no imediato duas situações de que não nos podemos esquecer. A primeira é o que temos que negociar com o FMI (com Troika) e a segunda são as eleições.
JS: Até 16 de Maio temos que negociar, mas temos que o fazer como uma frente unida e consertada que vai negociar com o FMI  (com a Troika).
JS: A seguir à negociação com o FMI vamos ter eleições e a seguir temos os governos formados.
JS: Não podemos transportar  para a campanha eleitoral a dificuldade que vamos ter nesta negociação.  A situação actual não se compadece com o silêncio.
JS: O País tem que crescer sob o ponto de vista cívico.
FCF: O Senhor disse que há mais vida para além do deficit ?!
 JS: A 25 de Abril de 2003 eu disse que há mais vida para além do orçamento.
JS: É preciso que haja crescimento, para além das medidas de austeridade. Nos não podemos esgotar tudo agora (com as medidas de austeridade), mas temos que pôr as contas em ordem. Deve haver crescimento e emprego. É importante que se consiga aumentar os prazos de pagamento. O FMI pela primeira vez em muitos anos está a achar que o crescimento é importante.
JS: Deve haver uma repartição dos sacrifícios. Temos que proteger as pessoas que têm reformas de 300 euros.
JS: Que nos ajudem (Troika) mas não nos dêem cabo do crescimento e da possibilidade de virmos a pagar os nossos compromissos no futuro.
JS: Quanto às eleições, não nos venham com soluções minoritárias neste momento.
JS: PCP e BE nem foram a reunião com a troika e isso é um sinal de que querem outro caminho.
JS: Temos que passar lá para fora (exterior do País) a imagem de que conseguimos pagar os nossos compromissos.
FCF (a propósito do deficit ter sido de 9,1%): O Senhor quando foi Presidente apercebeu-se de que os orçamentos eram feitos assim com margens muitos fora do deficit?
JS: Eu n quero falar disso. Está tudo bem documentado. Devemos melhorar a nossa balança comercial.
FCF: A crise poderia ter sido evitada?
JS: Isso a história com o tempo encarregar-se-á de o dizer. Isso tudo pode e deve ser claramente esclarecido. Não é para apanhar responsáveis, mas para aprender com os erros do passado.
JS: Acho que deve haver um rejuvenescimento muito grande dos partidos políticos.
JS: Como é que se ataca o problema das contas? É um desafio que está colocado a todos. Eu ando a sustentar há anos que temos falta de capacidade e compromisso.
JS: Não há nenhuma política que se sustente se não tiver uma base social de apoio. E deve ter correspondência na vida pública esta base de apoio. Devemos investir mais na criação destas base de apoio. Quem deve procurar essa base de apoio são os partidos e também a concertação social.
JS: O Senhor Presidente da República entre os poderes que tem deve ter esse papel..
FCF: A fome hoje é uma grande preocupação social. Acha que devia haver um programa?
JS: Eu sou sempre de acordo com programas que procurem soluções
JS: Temos que defender os serviços públicos, o estado social.
JS: Combater a paralisia dos tribunais, o desequilíbrio das pensões. O Serviço Nacional de saúde também carece de melhorias. Educação…
JS: Grande parte desta dívida é uma dívida privada. É preciso investir e para isso é preciso estabilidade governativa e maiorias.
FCF: O que transparece é que as duas lideranças dos dois maiores partidos (PS e PSD), têm dificuldade  em se entender.
JS: As pessoas tem que conversar. O País pede que as pessoas se entendam.
FCF: O Senhor disse que o responsável da crise é o modelo Neo-Liberal e o senhor é muito critico da sociedade de especulação financeira.
JS: Quanto ao que aconteceu depois da crise de 2007, 2008 e de 2009, o que digo é que o papel do Estado deve regular a economia. Uma regulação forte.
FCF: Existe alternativa a este modelo?
JS: Temos uma justiça que não pode funcionar assim como se encontra. O serviço nacional de saúde não resolveu os problemas. O que se faz é restringir. O poder político não pode ser condicionado por outros interesses.
JS: Deve haver uma base reformista forte.
JS: Eu não acredito em heróis neste momento. Os meus heróis são os cidadãos anónimos que estão a trabalhar todos os dias.
JS: Temos gente muito bem formada e espera que venha nova gente nova para apolítica. Eu politicamente já terminei a minha carreira política. Temos que ir pelo caminho de caminho de rejuvenescer os partidos
JS: A União Europeia não estava preparada para o enfraquecimento do euro.
FCF: Mário Soares fala de uma germanização da Europa.
JS: Eu não discordo, mas há um recrudescimento da extrema direita e por outro lado, os Países decidem um pouco cada um por si e não fazem uma frente unida e consertada, já que hoje tudo é global.
JS: É  preciso um rejuvenescimento. Tudo isto são desafios novos.
JS: É preciso agregar as boas experiências e transformar em acção.
Catarina Teixeira

Sem comentários: