Cardeal Patriarca de Lisboa D. José Policarpo, foi esta noite entrevistado por Fátima Campos na RTP 1.
Iremos relatar o que retivemos sobre o essencial da Entrevista.
Fátima Campos Ferreira (FCF): Atendo à actual crise em que Portugal mergulhou, o que poderão fazer os Portugueses?
D. José Policarpo (DJP): A crise actual é de um complexidade tal que ainda todos estamos a tentar perceber o que se passa e o que pode ser feito.
DJP: O que poderão fazer os Portugueses, é uma questão que se pode colocar. Os Portugueses devem resistir. A Igreja está com os mais necessitados. É sempre possível uma ajuda alimentar.
DJP: O que poderão fazer os Portugueses, é uma questão que se pode colocar. Os Portugueses devem resistir. A Igreja está com os mais necessitados. É sempre possível uma ajuda alimentar.
DJP: É muito importante que os Portugueses tenham uma consciência de povo. É preciso que haja a consciência do colectivo. Como colectivo os Portugueses deverão estar conscientes de que deve prevalecer o espírito de entreajuda. Se os que estão mal receberem ajuda do seu semelhante, será mais fácil atenuar os efeitos da crise. Seá muito pior e mais complicado se cada um resolver os problemas por si e só olhar para o seu problema. Todos temos que nos unir e ter uma atitude nobre.
FCF: Há crise é profunda e existe nas vertentes financeira, económica e politica.
FCF: Há crise é profunda e existe nas vertentes financeira, económica e politica.
DJP: A crise está a ultrapassar a nossa capacidade de compreensão. As forças políticas com responsabilidade deveriam ter agido há mais. Já é tarde mas os portugueses ainda vão a tempo.
DJP: É preciso conseguir a força de entendimento colectivo, porque há coisas a fazer e não é só a sopa, ou o problema dos juros. É preciso repensar Portugal. Repensar o papel do Estado, a organização da sociedade civil, a participação dos cidadãos.
FCF: E quem poderá ser o “pivot” aqui em Portugal, ou seja, quem poderá dar o clic para repensar e melhorar Portugal?
DJP: A seguir as eleições pode-se decidir quem pode fazer isso.
DJP: Há um mal estar e uma insatisfação em relação ao funcionamento dos partidos. A nossa democracia está assente nos partidos e eles são o garante da democracia. Os partidos têm que governar.
DJP: Os políticos actuais sofreram um desgaste e perderam credibilidade junto dos Portugueses. Os Portugueses quando forem votar, em certa medida não acreditam nos partidos.
DJP: As lideranças actuais a e a prática partidária é diferente dos políticos do passado. Há um desgaste das próprias personagens políticos
DJP: Políticas devem levar a cabo uma actividade cultural profunda e conversar com as pessoas. Não basta serem eleitos. Os partidos têm que fazer uma revitalização.
DJP: Um dos caminhos é os partidos há medida que se “queimam” sem uma politica de profundidade, vão afastando as pessoas mais capazes. Os partidos que vão conquistar o poder tem que ter humildade e coragem para chamar as pessoas mais competentes, mesmo que não tenham militância politica
DJP: Faço um apelo para que traçem um rumo para Portugal
FCF: O q acha da actuação do Presidente da República (PR)? Ele tem margem para fazer algo mais? Ultimamente só sabemos de novidades do através do que publica no facebook.
DJP: Eu não uso facebook.
DJP: O Professor Cavaco Silva é um homem discreto e usa pouco a palavra.
FCF: O que o PR diz pelo facebook chega?
DJP: O que eu penso do PR é que, após as eleições, ele não pode permitir que o Governo não consiga governar Portugal. O Governo tem que governar e tem que ter pessoas competentes.
FCF: A Conferência Episcopal (CP) criticou a situação política Portuguesa, acusando de não haver coragem para resolver problemas. O Senhor acha bem que a CP faça este comentário?
DJP: Eu já n me lembro bem disso, mas a os Bispos e Sacerdotes não intervêm muito directamente na coisa política. Eu demarco-me de algumas.
DJP: Há circunstâncias da vida de uma comunidade em que a Igreja pode ser chamada a intervir na política. Estou na disposição de fazer isso, através da transmissão de um esclarecimento aos portugueses. É preciso dialogar com o nosso povo.
FCF: Na base da crise financeira está o capitalismo selvagem. A Universidade Católica tem Curso de Economia e tem sido acusada de leccionar e promover os conceitos e a lógica neo-liberal. Sabendo nós que foi a linha ideológica neo-liberal a responsável pela actual crise mundial, o que tem a dizer sobre o facto de esse mesmo neo-liberalismo ser ministrado na Universidade Católica?
DJP: A economia liberal tem uma vantagem que é a liberdade económica. Há aqui ambiguidades. Estamos assistir a um não controlo da parte dos Estados, relativamente a este sistema financeiro. O presidente do FMI faz um apelo para que os Estados não faça nenhum esquema de austeridade tal que acabe por matar a economia. A autoridade dos Estados está a ser posta em causa por outras razões.
DJP: Ouvi uma conferência do presidente da Microsoft e segundo disse, actual situação de crise pode pôr em causa a autoridade dos Estados. A incapacidade total da autoridade dos estado não poder controlar os assuntos financeiros é preocupante.
DJP: As Agencias de Rating não são uma ajuda boa. Servem certos interesses. Em vez de se ajudar a curar o doente, agrava-se a saúde do doente.
DJP: Preocupa-me a Europa que está numa fase complicada. O mundo muçulmano está em ebulição. A Europa está cercada de um mundo em ebulição. A própria Europa tem estes problemas mas não está a conseguir encontrar os caminhos de futuro para enfrentar o novo milénio num mundo que mudou.
FCF: Isto vai desembocar onde?
DJP: Eu penso que vai haver um novo paradigma. Os Estrados Unidos da América distanciam-se cada vez mais da Europa. Não lhes agrada este laicismo da Europa.
DJP: Com os problemas do mundo árabe não sei onde isto vai parar.
FCF: Em Portugal há infelicidade e depressão por causa da crise. Há solução para isto?
DJP: Sim. Caminha-se para uma nova ordem. Temos que nos ajudar uns aos outros. Temos que pôr ao dispor do País o melhor q ele tem. Há muita gente competente.
DJP: O que podem os Portugueses fazer pelo País? Dando as mãos e fazendo o melhor podemos fazer muito pelo País. Dar oportunidade a quem tem iniciativa. Temos muita matéria cinzenta boa.
DJP: Temos que abandonar a ideia de que o Estado resolve todos os nossos problemas. A coisa deve ser vista ao contrário. A questão a colocar deve ser: O que podemos nós fazer pelo Estado?
DJP: O Estado não é detentor de todas as soluções.
DJP: Relativamente ao excesso de pessoal na função pública, há que fazer uma boa planificação. Os trabalhadores em excesso poderão ser absorvidos pelo sector privado.
Filipa Bragança
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