“ESQUEÇAM A
GRÉCIA. PORTUGAL É UMA BOMBA-RELÓGIO “À ESPERA DE REBENTAR”
Manuel de Almeida
/ Lusa
Entre avanços e recuos, a crise na Grécia poderá estar em vias de
se resolver – pelo menos por mais uns meses. Mas um conceituado analista financeiro
acredita que a verdadeira crise na Europa poderá estar muito longe da Grécia,
mais concretamente num país que é uma bomba-relógio à espera de explodir:
Portugal.
O
analista britânico Matthew
Lynn afirma esta quarta-feira na sua coluna de opinião no WSJ Market Watch que o
nível de dívida pública portuguesa, acima dos 130%, poderá ser já “insustentável”.
No artigo em causa, “Forget Greece, Portugal is the eurozone’s next crisis“,
Lynn salienta que Portugal tem o maior
índice de dívida publica
em percentagem de PIB na zona Euro, e que a maior parte da dívida é detida por
estrangeiros.
Segundo o
financeiro, a economia portuguesa não se encontra no estado de permanente crise
da economia grega, que “está nos cuidados intensivos”, mas não parece capaz de
conseguir uma recuperação sustentada.
Portugal,
diz Lynn, “ainda está em
sarilhos“, e poderá ter que enfrentar uma situação de
incumprimento. Lynn antecipa mesmo que as eleições legislativas de Outubro
poderão despoletar uma
segunda crise em Portugal.
“À
superfície, Portugal parece estar muito melhor do que há três anos, depois de
ter saído com êxito do programa de assistência da troika“, continua o analista, “e a economia
parece estar a crescer”.
Se,
depois da Irlanda, também Portugal conseguir efectivamente recuperar da crise,
“será uma vitória estrondosa para a União Europeia e para o FMI”, cuja receita
baseada em austeridade se revelou “umacatástrofe”
na Grécia.
O
problema, diz Lynn, é que Portugal
poderá afinal não estar salvo.
Segundo o
analista, a evolução positiva de alguns dos principais indicadores económicos –
consumo, desemprego, exportações, investimento – parecem não ser sustentadas.
Mas o
verdadeiro problema, defende o cronista,
é mesmo a dívida.
Portugal
tem uma dívida pública de 130%
do PIB, e 70% dela é detida por estrangeiros.
Até há
países, como a Finlândia ou a Letónia, com maior percentagem de dívida detida
por estrangeiros. Mas têm muito pouco endividamento. Itália, por outro lado,
tem uma enorme dívida pública – mas quase toda contraída internamente.
Portugal
tem uma dívida pública elevada – e a maior parte é detida por estrangeiros
O
problema agrava-se quando se junta à equação o endividamento das empresas e das famílias.
Somados os três indicadores, Portugal tem a maior dívida da zona Euro – maior ainda
que a da Grécia.
“A certa
altura”, diz Matthew
Lynn, “todos esses credores estrangeiros vão perceber que poderão
ter que perder parte
dessa dívida. Quando tal acontecer, haverá uma corrida para
vender dívida portuguesa”.
“E as
eleições que estão à porta podem ser o rastilho
para essa corrida“, conclui.
Traçado o
relato de um país que é uma bomba-relógio com data marcada para Outubro, resta
a Portugal contrariar esta visão e confirmar que saiu mesmo da crise.
Mas
entretanto, tic-tac-tic-tac.”
JMP
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