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sábado, 29 de janeiro de 2011

Salário Milionário dos Gestores Públicos vs Desmistificar necessidade destes salários milionários

Ranking dos Gestores Nacionais mais bem pagos em Empresas Públicas (valores anuais)
Nome e
Empresa
Salário
anual
Prémio
de
gestão/
acumulação de funções
Outras
regalias
Total
1 º
Fernando Pinto
Presidente da TAP
420 000 €
121 800 €
82 522 €
624 322 €
2 º
Francisco Bandeira
Presidente do BPN
315 350 €
198 220 €
46 125 €
559 695 €
3 º
Faria de Oliveira
Presidente da CGD
371 000 €

180 471 €
551 471 €
4 º
Estanislau da Mata Costa
Presidente dos CTT
200 200 €
48 048 €
88 414 €
336 662 €
5 º
Guilherme Costa
Presidente da RTP
250 050 €

4264 €
254 314 €
6 º
João Plácido Pires
Presidente da Parpública
137 480 €
97 838 €
14 577 €
249 896 €
7 º
Carlos Costa – Governador do
 Banco de Portugal
243 211 €


243 211 €
8 º
José Amado Da Silva
Presidente  da
Anacom
233 857 €


233 857 €
9 º
Pedro da C. Serra
Presidente das
Águas de Portugal
134 324 €
49 686 €
21 804 €
205 814 €
10 º
Pedro R. Felício
Vogal Executivo da Sagestamo
104 000 €
54 740 €
46 833 €
205 573 €
11 º
Almerindo Marques
Presidente das
Estradas de Portugal
193 900 €

3040 €
196 940
12 º
Estevão Moura
Presidente do IN-CM
135 638 €
39 900 €
14 246 €
189 784 €
13 º
Guilhermino Rodrigues
Presidente da Ana
178 220 €

11 053 €
189 273 €
14 º
José C. Gomes
Presidente da GERAP
134 518 €
14 931 €
15 284 €
164 733 €
15 º
Rolando B. Martins
Presidente do
Parque Expo
133 000 €

29 997 €
162 997 €
16 º
António R. de O. Fonseca
Presidente do
Metro do Porto
150 122 €

7548 €
157 670 €
17 º
Augusto J. Pereira
Presidente da NAV Port. EPE
105 000 €

4531 €
109 531 €
18 º
António F. Ferreira
Presidente da
Baía do Tejo
39 914 €

2955 €
42 869 €
19 º
Pedro J. Bento
Vogal Executivo
SIEV
14 692 €


14 692 €
Fonte: In Correio da Manhã, Edição de 28 de Janeiro de 2011

Salário milionário dos Gestores Públicos vs Desmistificar necessidade destes salários milionários
1-     O Mito do “Gestor de Ouro”.
Questão:
Será que um gestor de uma empresa pública portuguesa, ou de uma empresa privada de referência, tem um talento e competências tão raras, excepcionais e inatas que fazem dele alguém insubstituível e que por esse motivo terá que ser pago a "peso de ouro"? Como diria Mourinho, alguém “Special one”?
Há que desmistificar esta questão.
Trata-se de um mito!
Existem de facto certas actividades em que uma parte do talento do indivíduo tem que ser inato e que por mais que se exercite e treine, quanto muito melhora-se até determinado patamar, mas nunca se atingirá um patamar de indivíduo invulgar, pela excelência das suas capacidades e talento muito acima da média. É o caso por exemplo do que acontece com os "eleitos" no mundo do desporto, na música e pintura, onde é necessário possuir capacidades extraordinárias e inatas que o indivíduo já tem à nascença.
Exemplo de indivíduos com invulgar talento nas suas áreas e que por esse motivo será legítimo que usufruam ou que tenham usufruído de um salário muito acima do comum dos cidadãos:
a)      Cristiano Ronaldo e Leonel Messi no Futebol;
b)      Usain Bolt no Atletismo (Campeão Olímpico e recordista do mundo em 100 e 200 metros);
c)      No passado podemos citar Leonardo Da Vinci na Pintura e Mozart na Música.

Vamos agora ao caso dos gestores das empresas públicas nacionais (e já agora também das privadas). Será que eles serão assim pessoas tão iluminadas, tão extraordinárias, excelentes e acima da média, cujo desempenho é tão brilhante que justifique a desproporção dos seus salários face ao comum dos cidadão?
Resposta:
       Poderia ser se indivíduos que exercem uma exemplar gestão/liderança (a par de outras áreas, tais como, desporto, música, pintura, etc,) fossem raros de encontrar e tivessem associada uma carga inata muito acentuada, fazendo com que fossem únicos e insubstituíveis pelo brilhantismo do seu talento e desempenho a gerir e a liderar. No entanto, ao nível da gestão/liderança, essa carga inata não tem grade relevo, passando antes pela socialização, aquisição de experiência, conhecimentos e competências ao longo da vida do indivíduo.
      No reino animal as características de líder podem ser inatas, mas no entanto trata-se de uma liderança que é exercida pelo instinto e pelo uso da força. No mundo dos humanos as coisas não se passam de forma tão simples. Gerir/liderar passa por estimular, exercitar e utilizar a nossa inteligência e massa cinzenta, sendo felizmente uma capacidade que está ao alcance de todos e não apenas de alguns, alegadamente eleitos e pré-destinados.
Daqui decorre que os actuais gestores públicos pagos a peso de ouro, não detêm o exclusivo de acumular conhecimento e experiência para gerir com a máxima eficácia e eficiência. Em diversos sectores da sociedade portuguesa, existem muitos cidadãos à altura e capazes de os substituir. Acresce que o gestor não trabalha isoladamente e conta com o apoio e a colaboração de especialistas em diferentes áreas.
O Bom gestor/líder faz-se pelo trabalho, pelo tempo, pela acumulação de conhecimento e pela melhoria e adaptação de conhecimentos técnicos e competências diversas, às funções a desempenhar. É de sublinhar mais uma vez quen não trabalha isoladamente, mas conta com o trabalho de uma equipa composta por outros elementos que detêm as competências técnicas necessárias e que o gestor tem que saber envolver no projecto, motivar e auscultar.

Para concluir, a lista top 19 dos gestores mais bem pagos em empresas públicas portuguesas, não inclui uma única mulher. Existem em Portugal centenas ou até milhares de indivíduos, homens e mulheres, com capacidade para gerir, tanto uma pequena empresa, como uma grande empresa/organização. Gerir empresas não tem segredos, basta ter as competencias necessárias, dedicação, empenho e rigor. Neste momento existem quadros intermédios de empresas e gestores, bem como profissionais de outras áreas que tendo conhecimentos nas áreas de economia, contabilidade e gestão, com a socialização adequada, experiência, conhecimentos e competências técnicas adequadas, reunem as condições necessárias para gerir uma grande empresa/organização. Apenas ainda não lhes foi dada a oportunidade e caso a tivessem, com remunerações muitíssimo inferiores, desempenhariam tão bem as suas funções como os actuais gestores que são "pagos a peso de ouro".
                                                                                                                           Filipa Bragança

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